Uma boa ideia

Cheguei ao meu artigo 51, cujo número é vinculado a uma “boa ideia” em uma propaganda conhecida. Mas para o planeta, qual seria a boa ideia em relação às questões ambientais?

É claro que para a humanidade, a boa ideia seria chegar a um grande concerto na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 – COP 30 a ser realizada entre 10 e 21 de novembro na cidade de Belém do Pará.

Imagino que não será fácil obter ótimos resultados no evento, com a ausência dos Estados Unidos (EEUU), – o maior emissor de carbono acumulativo global e contrário aos processos multilaterais de redução e mitigação de impactos que afetam as mudanças do clima.

No contexto da economia mundial, as tarifas unilaterais dos EEUU, e ao menos, duas guerras regionais, drenam recursos financeiros das nações para a renovação de armamentos e rearranjos e novas parcerias. Enquanto os recursos esperados com o Acordo de Paris desde 2015, não conseguem sair do papel para beneficiar os países periféricos contra às mudanças climáticas.

Teremos uma boa ideia, caso haja na COP 30, uma postura propositiva da China, – responsável por 30% das emissões de carbono do mundo, nas agendas de restauração, redução de emissão, mitigação de danos e transição energética, assumindo um protagonismo global após o isolamento dos EEUU.

O tempo urge e os sinais não são otimistas. Até o momento, apenas 61 países confirmaram presença no evento, e outros 33 estão em tratativas em um universo de 198.

Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), os avanços nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 foram insuficientes, com apenas 17% das metas no rumo certo e quase metade em progresso mínimo ou estagnado, faltando cinco anos para o comprimento da agenda. Em termos globais, é um reflexo que não estamos evoluindo para a uma boa ideia.

O livro que recomendo, “O Decênio Decisivo – Propostas para uma Política de Sobrevivência de Luiz Marques”, reporta que essa é a última década para enfrentarmos de uma maneira madura e multilateral, políticas globais de redução de emissão. E caso não consigamos, ao final da última terça parte do século XXI, grandes áreas globais se tornarão inviáveis devido a elevação da temperatura, desencadeando processos de extinção de biodiversidade e desertificação que provocarão fluxos migratórios e conflitos.

Uma boa ideia seria aproveitar a COP 30 para reafirmar o multilateralismo no enfrentamento das questões emergenciais globais, com ênfase na redução das emissões de gases de efeito estufa e mudanças aceleradas na transição da matriz energética bem como efetivar as linhas de financiamento para mitigar os efeitos climáticos.

 

Roberto Xavier de Lima – Diretor de Planejamento e Inovação da Neotrópica Sustentabilidade Ambiental, Mestre em Conservação da Natureza, Biólogo e Escritor.

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