Confesso que não sabia que se comemorava no dia 11 de julho, o dia mundial da população humana. Esta data foi fixada em 19 de julho de 1990, após a população mundial alcançar 5 bilhões de pessoas, chamando a atenção do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD, para a necessidade de se debater os assuntos referentes a superpopulação.
Trinta e dois anos depois, na data de 15 de novembro de 2022, a humanidade atingiu a marca de oito bilhões de habitantes, quase dobrando em número.
Embora se reconheça grandes melhorias na saúde pública global, com o aumento da expectativa de vida e avanços e em ciência e tecnologia, um alerta paira sobre nossa espécie. Estamos, quase em escala industrial, impactando os recursos naturais em todos os ecossistemas terrestres.
Como exemplo, derivados de petróleo são encontrados dentro do leite materno e em órgãos internos de diversas espécies, além da humana. Microplásticos estão contaminando os mares e matando a fauna por asfixia. Nossos rios sofrem com uma descarga de resíduos sólidos e esgotos, quando não, contaminados com metais pesados e mercúrio, utilizado ilegalmente em garimpos na Amazônia. Enquanto os oceanos, já concentram ilhas de resíduos derivados de petróleo.
Em setembro de 2015, a Organização das Nações Unidas – ONU lançou a Agenda 2030 com 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Passados metade do prazo da agenda, poucos países internalizaram o conceito em busca de uma melhoria da qualidade de vida humana e dos nossos ambientes.
No mesmo ano, foi realizado em Paris, a 21ª Conferência das Partes – COP 21. Naquele evento, foi proposto uma redução de 1,5ºC nas emissões de carbono em relação a parâmetros pré-industriais. Porém, há dois anos a temperatura já atingiu estes patamares. Foram prometidos e nunca repassados, recursos financeiros da ordem de cem bilhões de dólares ao ano a partir de 2020, aos países em desenvolvimento, para minimizar os efeitos das mudanças climáticas.
Paralelo a isto, ao invés de uma cooperação global, conflitos mundiais ditam as notícias. Uma divisão dicotômica separa os países, em setores como se fossem times de futebol. Os gastos com armamentos dispararam e a cooperação global, principalmente na área de meio ambiente permaneceu em um segundo plano.
E assim continuamos a impactar o planeta, com cada vez mais habitantes, sem uma estratégia global de cooperação para mitigação às mudanças do clima.
Há em curso, uma proposta brasileira no G 20, – que reúne as vinte maiores economias globais, de sobretaxar os bilionários.
Quem sabe, este recurso calculado em US$ 250 bilhões ao ano, poderia ser injetado na economia global para melhorar a qualidade de vida populacional, por meio da geração de empregos em políticas de restauração de biomas e apoio a melhoria da renda com sustentabilidade do ambiente. Quem sabe.
Roberto Xavier de Lima – Diretor de Planejamento e Inovação da Neotrópica Sustentabilidade Ambiental, mestre em conservação da natureza, biólogo, escritor.