Biólogo: 45 Anos de Lutas e Novos Horizontes

Hoje faz 45 anos da regulamentação da profissão de biólogo e criação do Conselho Federal de Biologia – Lei Nº 6.684/79, de 3 de setembro de 1979. Parabéns aos meus colegas de profissão.

Quando ingressei no curso de biologia em 1993, sonhava ser como o oceanógrafo Jacques Cousteau, pesquisador dos mares. O curso, na época, estava voltado quase exclusivamente para a formação de professores, mas lutamos com sucesso por melhorias curriculares.

À frente do Núcleo de Estudos de Biologia e ativista estudantil, organizei, junto com colegas, cursos de apicultura, palestras com cientistas do Projeto Antártico, entre outras iniciativas. No final da ditadura, a pauta ambiental ainda não tinha a urgência de hoje, mas insistíamos em engajar mais estudantes.

Inscrevi-me no Conselho Regional de Biologia – CRBio-03 ainda como estudante. Com a vontade da juventude de “mudar o mundo”, colecionava recortes de jornais sobre temas ambientais, e reunido com amigos debatíamos, dando origem ao Mater Natura- ONG, que emprega biólogos em pesquisa, conservação e restauração ambiental até hoje.

Engajei-me na defesa da natureza. Contribuí para a proibição da caça às baleias em águas brasileiras, uma luta de quase duas décadas que culminou na Lei Federal nº 7.643 de 1987. Também participei do tombamento da Serra do Mar do Paraná em 1986, de campanhas contra a abertura da estrada do colono no Parque Nacional do Iguaçu e contra a construção da BR 101 no trecho mais rico da Mata Atlântica do litoral paranaense.

Inspirado por Cousteau, participei de pesquisas de campo próximas ao mar. Lí o relato de Charles Darwin sobre sua famosa viagem, e sua visão contrastante do Brasil entre a megabiodiversidade e as atrocidades da escravidão, despertou-me para os profundos antagonismos do nosso país.

A profissão de biólogo permite atuação no ensino, meio ambiente, biotecnologia e saúde. O ensino tem visto um aumento nas pesquisas e bolsas. O meio ambiente, diante da crise climática, se destaca como um campo em expansão. A biotecnologia, por sua vez, está no centro do desafio de construir um Plano Nacional para a Sociobioeconomia, essencial para as populações tradicionais e os biomas brasileiros.

Percebo entre os jovens, um renovado interesse pela biologia. Em tempos de crise ambiental, surgem novas oportunidades na restauração ecológica em larga escala, exigindo conhecimentos em ecologia, fauna e flora.

Modelagens sobre resiliência da paisagem e cenários de conservação utilizando pagamento por serviços ambientais são alguns dos nichos promissores dessa profissão fascinante e eclética.

O que aprendemos nos anos 80, é agora urgente: que a economia deve ouvir mais a ecologia.

Roberto Xavier de Lima – Diretor de Planejamento e Inovação da Neotrópica Sustentabilidade Ambiental, mestre em conservação da natureza, biólogo e escritor.

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