Criado em 1990 e adotado pela Organização das Nações Unidas (ONU), o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) busca superar a limitação do Produto Interno Bruto (PIB), que mede apenas a produção econômica, oferecendo uma visão mais ampla do bem-estar humano, considerando saúde, educação e renda.
Em 2023, o Brasil subiu quatro posições, mas ainda ocupa o 84º lugar entre 193 países, com IDH de 0,786 — classificado como “alto”, embora distante dos índices mais elevados. O relatório aponta que o mundo ainda sente os efeitos da pandemia de Covid-19, que interrompeu avanços importantes.
No Brasil, a estagnação na educação é preocupante, com aumento da evasão escolar e baixo desempenho. Soma-se a isso o crescimento da desigualdade social, que aprofunda o abismo entre os mais ricos e a maioria da população, carente de serviços básicos.
No saneamento, a situação é alarmante. A cidade de Belém por exemplo, (que sediará a COP30 em novembro), trata apenas 6% de seu esgoto. Nacionalmente, 47% do esgoto é despejado sem tratamento em rios, lagos e mares. A precariedade no saneamento compromete a saúde pública, degrada nossos recursos hídricos e impacta a biodiversidade.
O Brasil se comprometeu, por meio do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável – 6 da Agenda 2030 da ONU, a garantir acesso à água potável para 99% da população e tratamento de esgoto para 90% até 2030. O novo Marco Legal do Saneamento (Lei nº 14.026/2020) define metas ambiciosas, mas a realidade mostra que o caminho ainda é longo.
Educação inclusiva, saneamento básico e preservação ambiental são fundamentais para superar muros de desigualdade e promover qualidade de vida.
Nessa dicotomia entre muros e pontes, o Papa Leão XIX, que já fora muito crítico aos muros de Trump, chega pedindo a construção de “pontes” que justamente refletem a melhoria do IDH global.
Nos últimos quatro anos, a ONU alerta para o aumento das disparidades entre países com IDH muito alto e os de IDH baixo.
O Brasil, apesar de avanços pontuais, está atrás de países como Portugal, Argentina, Rússia, China, Peru, México e Colômbia. Na América Latina, supera apenas Paraguai (99º), Bolívia (108º) e Venezuela (121º).
É urgente que políticas públicas eficazes e sustentáveis sejam prioridade para transformar esse quadro e garantir um futuro mais justo.
Roberto Xavier de Lima – Diretor de Planejamento e Inovação da Neotrópica Sustentabilidade Ambiental, mestre em conservação da natureza, biólogo e escritor.