A população brasileira está envelhecendo. Segundo o censo de 2022, quase 16% possuem mais de 60 anos, o que necessita um olhar das empresas para acolher essa experiência em seus quadros laborais.
Antes da internet, eram os idosos que acumulavam as sabedorias milenares repassando experiências entre gerações, primeiramente por meio da história oral, papiros, livros, bibliotecas e vivência.
Entretanto com o passar do tempo e o acelerado processo civilizatório global, o respeito ao idoso nas sociedades urbanas do ocidente diminuiu.
Ouvi certo dia, “você nasceu antes do Google”. E sim, em parte, foi essa facilidade disponível pelas redes de computadores, que aumentou ainda mais a distância etária daquele conhecimento acumulado, da mãe, pai, avó, avô, ao jovem, ou ao influenciador monetizado dos tempos atuais.
Atualmente, uma juventude capturada por algoritmos das redes sociais prefere se formatar por mídias cibernéticas, do que da sapiência dos seus ancestrais.
Por vezes, os profissionais acima dos cinquenta anos, escutam – “você é muito caro”, ou, “seu currículo é superqualificado”.
O etarismo, ou seja, – a discriminação contra indivíduos com base na idade, se manifesta por meio de preconceitos. É quando os mais velhos são desligados de funções por se caracterizarem como muito caros, ultrapassados, ou tudo ao mesmo tempo.
O estereótipo é observado até em empresas que possuem cotas específicas para minorias, mas não estimulam em seus termos de referência para consultorias, a contratação de profissionais de vida experiente. É muito fácil observar em redes sociais de conexões profissionais, como são poucas as empresas que estimulam em seus editais, foco em pessoas com mais de 50, 60 ou 70 anos.
Uma boa prática de inclusão, vem da Universidade de Brasília – UnB, que possui processo seletivo específico para pessoas idosas, chamado 60 mais, onde os resultados de interação em sala de aula são positivos.
Todas as facilidades que a nova geração possui com as mídias e tecnologias de internet, são equalizadas pela sabedoria acumulada dos mais idosos, bem como de sua capacidade de elaborar textos mais bem construídos.
Fico aqui pensando se na área ambiental, desprezássemos a sabedoria de pessoas que já nos deixaram como Paulo Nogueira Neto, Alceo Magnanini, José Lutzenberger, Teresa Urban, José Bigarella, e vivos como, Maria Teresa Jorge Pádua, Carlos Nobre, Paulo Artaxo, – entre tantos, o quanto da nossa Política Nacional do Meio Ambiente não haveria sido construída.
Um país que menospreza o conhecimento acumulado dos mais velhos, desperdiça tempo, dinheiro e soluções gerenciais que beneficiariam toda a cadeia de produção de qualquer segmento.
Roberto Xavier de Lima – Diretor de Planejamento e Inovação da Neotrópica Sustentabilidade Ambiental, Mestre em Conservação da Natureza, Biólogo e Escritor.