Quais as lições que a humanidade pode tirar para sua sobrevivência no planeta após cinco anos da pandemia de Covid-19?
No final de 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) foi alertada sobre casos estranhos de pneumonia em Wuhan, China, causados por uma nova cepa de coronavírus. O impacto global foi devastador, deixando marcas profundas nas famílias, na sociedade, na economia e no meio ambiente.
A resposta governamental foi confusa e, em alguns casos, irresponsável. No Brasil, a recomendação de remédios ineficazes e a falta de empatia para com as mais de 700 mil vítimas fatais marcaram negativamente a condução da crise por parte do presidente, cunhando o triste bordão: — “E daí? Não sou coveiro”.
O lockdown tornou-se uma realidade repentina, alterando rotinas e trazendo desafios educacionais, psicológicos e econômicos ainda em avaliação. Me recordo de correr a uma das poucas lojas ainda abertas e comprar um violão de presente ao meu filho que aniversariava na última semana de março do ano de 2020, antes que tudo se fechasse.
As aulas remotas, o home office e a interrupção de cadeias produtivas transformaram profundamente a vida cotidiana.
O meio ambiente, por outro lado, registrou melhor qualidade do ar e a presença de animais silvestres em centros urbanos devido a redução das atividades humanas.
Somente em 5 de maio de 2023, a OMS declarou o fim da pandemia. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) contabiliza quase 40 milhões de casos e mais de 715 mil óbitos.
Mas a pandemia também evidenciou a resiliência científica: cientistas, inclusive brasileiros, desenvolveram vacinas em tempo recorde, utilizando tecnologia avançada e metodologias inovadoras.
O período trouxe mudanças comportamentais e tecnológicas, como a ampliação do trabalho remoto, promovendo qualidade de vida e redução de custos.
Hábitos positivos, como maior cuidado com a saúde e valorização da leitura, também emergiram desse cenário.
Entretanto, ao retomarmos para uma “nova normalidade”, testemunhamos potências mundiais, como os EUA, romperem tratados ambientais, incentivarem o uso de combustíveis fósseis e desencadearem uma nova corrida armamentista.
Diante disso, surge a questão: será necessário outro choque global para compreendermos que a cooperação é essencial para enfrentar os desafios que ameaçam nossa existência?
A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que será realizada em Belém do Pará (COP 30), em novembro de 2025, representa uma das últimas oportunidades para que as nações (Partes), adotem uma agenda cooperativa universal, garantindo um futuro sustentável para o planeta. Será?
Roberto Xavier de Lima – Diretor de Planejamento e Inovação da Neotrópica Sustentabilidade Ambiental, mestre em conservação da natureza, biólogo e escritor.