O mês de novembro de 2024 se inicia com expectativas em relação ao futuro do planeta, focado nas medidas de adaptação e mitigação climática.
Entre os dias 11 e 22, Baiku, no Azerbaijão, sedia a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 29), onde o tema central será a transferência de recursos dos países ricos para as nações em desenvolvimento, visando a transição energética e a adaptação às mudanças climáticas.
Desde a COP 21, realizada em Paris em 2015, as metas de reduzir o aquecimento global em até 1,5°C, – comparado aos níveis pré-industriais, ainda não foram alcançadas. E nem serão.
Dados recentes indicam que o mundo está a caminho oposto de um aumento de 2,5°C a 2,9°C, e as emissões previstas para 2030 precisariam ser reduzidas em 42% para limitar o aquecimento a 1,5°C. Atualmente, a probabilidade de atingir essa meta é de apenas 14%.
Em paralelo, o compromisso global com a “Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável” e seus 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) aprovada naquele mesmo ano de 2015, em Nova York, por 193 estados-membros que adotaram o documento “Transformando o Nosso Mundo”, mostra-se com um baixo desempenho global a apenas cinco anos restantes para sua conclusão.
Durante a COP 29, a comunidade internacional terá a chance de estabelecer compromissos mais efetivos para a descarbonização do planeta. No entanto, desafios globais – como eleições nos Estados Unidos, dois conflitos na Eurásia, tensões geopolíticas, gastos bilionários em armamentos e a desaceleração da economia chinesa – podem desviar a atenção das decisões em urgências climáticas.
A escolha do Azerbaijão como o anfitrião do encontro, – um importante produtor de indústrias fósseis, soa paradoxal para um acordo de transição a uma bioeconomia global
O financiamento de US$ 100 bilhões anuais prometidos em Paris 2015, para apoiar países em desenvolvimento na mitigação dos efeitos climáticos nunca foi implementado.
Esta conferência representa uma oportunidade para tornar efetivos esses compromissos, com a criação de mecanismos de repasse de recursos às nações mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas.
Enquanto isto, assistimos quase que diariamente pelas telas azuis, – como se fossem filmes de ficção científica, desastres decorrentes de eventos extremos se sucederem ao redor do mundo neste novo normal.
Uma ação global urgente e coordenada se faz necessária para um futuro mais equilibrado e sustentável.
Roberto Xavier de Lima – Diretor de Planejamento e Inovação da Neotrópica Sustentabilidade Ambiental, mestre em conservação da natureza, biólogo e escritor.