Dia Nacional das Abelhas

O dia 03 de outubro foi instituído como a data nacional para reflexão da importância das abelhas como polinizadores, essenciais para a sobrevivência humana e a bioeconomia global.

Meu envolvimento com este tema não é recente. Em 1984, à frente do Núcleo de Estudos de Biologia na Pontifícia Universidade Católica do Paraná convidei os Professores José Munhoz e Paulo Sommer, para oferecer um curso sobre apicultura. Os temas abordados, como a vida nas colmeias, polinização, evolução da apicultura, materiais e tecnologia apícolas, despertaram grande interesse entre os estudantes.

Nesta época, fiz um treinamento na Associação de Apicultores do Paraná e junto com outros dois amigos adquirimos 30 caixas de abelhas, iniciando nosso primeiro negócio. Como eram abelhas exóticas do gênero Apis sp. tivemos que manusear equipamentos de proteção, o que não impediu que observássemos a capacidade de organização das colônias.

As abelhas desempenham um papel fundamental na polinização de muitos produtos consumidos pela humanidade, desde a castanha-do-pará, que morre em áreas desmatadas sem seu polinizador, até frutas como acerola, maçã, maracujá, melão e abacate, além de vegetais como cebolas e manjericão.

É importante ressaltar que a criação de abelhas nativas sem ferrão também contribui para a educação ambiental e para o aumento da produção agrícola.

O mel é um dos principais produtos da apicultura. Dados de 2023 do Ministério da Indústria e Comércio indicam que o preço médio do mel brasileiro para exportação foi de US$ 3,53/kg. A produção de mel atingiu 64,2 milhões de quilos, o maior valor já registrado, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Além do mel, produtos como própolis, cera e geleia real têm significativa importância econômica. A cera é utilizada na fabricação de cosméticos, velas e medicamentos, enquanto a própolis tem aplicações na indústria cosmética e medicinal. A geleia real é comercializada em diversas formas, de tabletes a misturas com mel.

No entanto, o uso indiscriminado de agrotóxicos, especialmente o glifosato, está reduzindo drasticamente as populações de polinizadores no Brasil, impactando a biodiversidade e dizimando colônias.

Estudos mostram que o glifosato afeta o comportamento e a capacidade cognitiva das abelhas, além de causar alterações morfológicas.

Uma agricultura moderna, que utilize menos agrotóxicos, pode se beneficiar imensamente dos serviços ambientais prestados pelas abelhas, fundamentais para o equilíbrio dos ecossistemas e a sustentabilidade econômica.

 

Roberto Xavier de Lima

Diretor de Planejamento e Inovação da Neotrópica Sustentabilidade Ambiental, mestre em conservação da natureza, biólogo e escritor.

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