As árvores

Em 1998, os músicos Arnaldo Antunes e Jorge Benjor compuseram a canção “As Árvores”, com versos que dizem:

“As árvores são fáceis de achar / Ficam plantadas no chão / Mamam do sol pelas folhas / E pela terra / Também bebem água / Cantam no vento / E recebem a chuva de galhos abertos.”

Estes seres vivos possuem famosos admiradores. Em 1790, J. W. von Goethe, no livro “A Metamorfose das Plantas” apresentou as funções de cada parte das plantas. Goethe era um observador atento da natureza, “como um sertanejo”, diria Guimarães Rosa.

As árvores, com alguns fungos, se beneficiam de uma relação benéfica para ambos, conhecida como simbiose, onde os fungos agem como provedores de uma verdadeira “rede de internet”, trocando informações e mensagens entre elas.

Por meio desta “comunicação”, possuem a capacidade de se informarem, sobre ataques de insetos, secas e outros perigos, auxiliando indivíduos carentes na hidratação, ou provendo elementos químicos essenciais a uma nutrição.

Esses indivíduos, que podem viver por séculos, atuam como verdadeiros aspiradores de gás carbônico, limpando a atmosfera de gases de efeito estufa.

São como ares-condicionados de madeira, contribuindo para a umidade da atmosfera devido a sua evapotranspiração e contribuindo para a formação dos “rios voadores”, fundamentais para a produção agrícola.

As árvores contribuem para a redução de gazes de efeito estufa. Em tempo de incêndios florestais, – segundo estudos sobre fixação de carbono, a absorção média de uma árvore nativa é de 2,59 tonelada por hectare ano. E o valor de uma tonelada de carbono equivale a um crédito de R$ 25,00. Conforme pesquisas, o valor aproximado de um crédito de carbono por hectare no Brasil é de R$ 3.500,00 por ano. E um hectare de floresta nativa pode gerar entre 120 e 140 créditos de carbono, absorvendo cerca de 30 toneladas de dióxido de carbono (CO²).

No campo, as árvores oferecem serviços ambientais como polinização, sombreamento e proteção contra pragas.

No ambiente urbano, bosques e alamedas ajudam a reduzir temperaturas, diminuir ruídos, combater ilhas de calor, fixar carbono e embelezar a paisagem. Contudo, a maioria das cidades brasileiras carecem de planejamento adequado de arborização urbana. Quando há, geralmente utilizam-se de espécies exóticas inapropriadas. Árvores urbanas sofrem com a falta de espaço para as raízes e podas drásticas, tornando-se perigosas em eventos climáticos extremos.

Atualmente, 60% do território brasileiro está coberto por fumaça de incêndios florestais criminosos. Precisamos valorizar cada árvore viva, que filtra o ar para que possamos respirar.

Finalizando a canção do ex: Titãs: “Árvore da vida, árvore querida”, há muito a aprender com a sabedoria centenária das árvores.

 

Roberto Xavier de Lima – Diretor de Planejamento e Inovação da Neotrópica Sustentabilidade Ambiental, mestre em conservação da natureza, biólogo e escritor.

 

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