Viva o ICMBio

Em 2007, presenciei no Ministério do Meio Ambiente, – como Coordenador do Corredor Central da Mata Atlântica do Projeto Corredores Ecológicos, as articulações para a criação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), concretizado em 28 de agosto do mesmo ano.

Era imperativo se pensar, criar, planejar e administrar a concepção de novas Unidades de Conservação (UCs), ordenando-as em um Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) que seria efetivado pela Lei nº 9985/2000.

O processo não foi simples. Houve resistência dentro do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, que já estava sobrecarregado com a execução da Política Nacional de Meio Ambiente.

Ainda em 2007, a convite da Embaixada dos Estados Unidos, fui contemplado com o International Visitor Program, onde conheci o Sistema de Áreas Protegidas daquele país.

Fiquei impressionado com o dinamismo, o profissionalismo na gestão e com o ecoturismo local, que gerava renda para as comunidades ao redor dos Parques Nacionais através de serviços de hotelaria, pacotes turísticos, guias e educação ambiental, ensinando os visitantes a valorizarem as áreas protegidas.

De acordo com fontes do órgão ambiental dos EUA, em 2023, foram registradas cerca de 325,5 milhões de visitas recreativas pagas aos mais de 400 locais administrados pelo Serviço de Parques Nacionais. São turistas nacionais e internacionais que buscavam uma experiência com a natureza.

Desde a criação do ICMBio, tem-se evidenciado a importância dessa instituição na gestão das UCs no Brasil. São 336 federais, que somadas as estaduais, municipais e particulares cobrem 18% do território nacional, e 26% do espaço marinho.

Os desafios, no entanto, são enormes. É urgente a reposição de quadros e a implementação de um plano de carreira compatível com as responsabilidades da instituição. Além disso, é fundamental transformar cada UC em um polo de desenvolvimento do ecoturismo regional, superando o número histórico de 11,8 milhões de visitantes nos Parques Nacionais em 2023.

O Brasil, com sua megadiversidade e belezas cênicas distribuídas por seis biomas, tem um potencial imenso para atrair turistas nacionais e internacionais. No entanto, muitos optam por destinos vizinhos como Chile, Argentina e Peru, que possuem estratégias turísticas mais competitivas.

Nos 17 anos de existência do ICMBio, é crucial estabelecer uma parceria sólida com o Ministério do Turismo para, finalmente, mudar os paradigmas de desenvolvimento sustentável no Brasil, tendo como pilar a conservação da natureza, geração sustentável de renda e a valorização do SNUC.

 

Roberto Xavier de Lima – Diretor de Planejamento e Inovação da Neotrópica Sustentabilidade Ambiental, mestre em conservação da natureza, biólogo, escritor.

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