Dia Mundial de Conservação da Natureza

Vocês conhecem o trabalho do pesquisador José Márcio Ayres? Em 1997, por solicitação do Ministério do Meio Ambiente, e com a colaboração de renomados especialistas, ele apresentou ao Programa Piloto para a Conservação das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7) uma proposta para a conservação de 75% da natureza brasileira.

 

Em homenagem póstuma a ele, a Sociedade Civil Mamirauá publicou, em 2005, o livro Os Corredores Ecológicos das Florestas Tropicais do Brasil, contendo os estudos que originalmente pertenciam ao Projeto Parques e Reservas, posteriormente renomeado como Projeto Corredores Ecológicos. O subtítulo deste importante documento esquecido na transição das gestões públicas chamava-se: Abordagens Inovadoras para a Conservação da Biodiversidade do Brasil.

 

Retomo este assunto no dia 28 de julho, em que se comemora o Dia Mundial de Conservação da Natureza com uma sensação ambígua: Apesar das grandes dificuldades enfrentadas pelo Projeto Corredores Ecológicos, como problemas de gerenciamento e repasse de recursos, os dois corredores ecológicos pilotos – o Central da Mata Atlântica (CCMA) e o Central da Amazônia – deixaram um legado significativo.

 

O CCMA, em particular, resultou no estabelecimento de uma rede de gestores de unidades de conservação que continua ativa até hoje. Estas grandes porções territoriais foram planejadas para se ter um ganho de escala na Conservação da Natureza.

 

Um exemplo de sucesso que pode ser replicado em outras regiões não contempladas na primeira fase do Projeto, é o que se reconhece hoje como a Grande Reserva da Mata Atlântica (GRMA).

 

Graças ao empenho de diversos atores locais e estaduais, a GRMA tem agregado valor aos produtos da região. Trata-se de um modelo de boas práticas gerenciais em uma vasta área que abrange os estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, em que o conceito de Produção de Natureza e a Conservação da Natureza em um contínuo de áreas protegidas, tem feito a diferença na gestão do espaço, conciliando a conservação dos recursos com bioeconomia e o ecoturismo.

 

É interessante notar que, no documento original proposto por Ayres, esta área fora planejada como um dos sete grandes corredores, sendo denominado de Corredor da Serra do Mar.

 

Uma retomada de planejamento destes grandes corredores ecológicos, com os devidos ajustes e lições aprendidas, ainda representa uma boa estratégia para a conservação da natureza em grande escala no Brasil.

 

Neste Dia Mundial da Conservação da Natureza, é importante lembrar que o Brasil possui um dos maiores sistemas nacionais de unidades de conservação, que, somados às Terras Indígenas e Territórios Quilombolas, desempenham um papel crucial na preservação da nossa biodiversidade.

No entanto, há uma necessidade urgente de alcançar números mínimos de áreas protegidas para cada bioma brasileiro.

 

 

 

 

 

 

 

Roberto Xavier de Lima – Diretor de Planejamento e Inovação da Neotrópica Sustentabilidade Ambiental, Mestre em Conservação da Natureza, Biólogo, Escritor.

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